Antes da sua expulsão definitiva em 1654, os holandeses travaram duas batalhas decisivas contra as tropas luso-brasileiras: a primeira batalha dos Guararapes, em 19 de abril de 1648 e a segunda batalha, travada em 19 de fevereiro de 1649. Após perder estas duas batalhas, as tropas holandesas entraram em retirada. Como promessa pelas conquistas, o Mestre de Campo e General das tropas luso-brasileiras Francisco Barreto de Menezes ergueu a ermida de Nossa Senhora dos Prazeres. Esta capela foi doada à Ordem Beneditina, conforme confirmação do historiador Pereira da Costa, quando ele relata que “Em 8 de Novembro de 1656, a escritura pública lavrada na vila de Olinda pelo tabelião Francisco Cardoso, no Mosteiro de S. Bento, em claustro pleno ao som de campa tangente, pela qual o mestre de campo general Francisco Barreto, governador e capitão-general de Pernambuco, fez doação ao referido Mosteiro, a capela de Nossa Senhora dos Prazeres, situada nos Montes Guararapes, na Paróquia de Muribeca, a umas três léguas ao sul da Cidade do Recife”.
Constituiu ainda objetos de doação da capela aos monges, umas casas de taipa, construídas junto à mesma capela, para agasalho dos religiosos, cinquenta e nove cabeças de gado vacum para a fundação de uma fazenda pastoril, nas terras patrimoniais de Guararapes, e dois passos de recolher açúcar, ambos situados no Recife. “A doação daqueles passos tinha já sido feita por Francisco Barreto, por alvará de 25 de julho de 1656, em nome de S. Majestade, por pertencerem à coroa, e terem sido fabricados pelos holandeses, para patrimônio da capela dos Prazeres que estava construindo, com o ônus de uns tantos encargos pios. O objeto dessa doação, segundo a expressão do próprio alvará, constava de umas casas que estavam dentro do Recife”.
A Igreja de NS dos Prazeres foi um monumento levantado em ação de graças pelas vitórias alcançadas pelos luso-brasileiros nas batalhas ali travadas com os holandeses nos anos de 1648 e 1649, e que resultaram na expulsão destes em 1654.
Considerado berço do Exercito Brasileiro, pois em 1654, no momento da Insurreição Pernambucana, houve a união das três etnias, e também pela primeira vez a utilização da palavra “Pátria”, o IPHAN, em 1952, elevou os Montes Guararapes a monumento nacional, recebendo a partir daí o nome de Parque Histórico Nacional dos Guararapes, elevação que também recebeu a Igreja de NS dos Prazeres por sua construção votiva e sua riqueza artística.
Em 2002, quando estive a frente da Superintendência do IPHAN, o então Vice-presidente da República, Marco Maciel, intercedeu junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Social para que o banco patrocinasse a restauração da Igreja, e o fez incluindo na comemoração dos seus 50 anos.
Durante a conclusão da restauração, tivemos a descoberta de resquícios de douramento dos altares. Deixados prontos para receber o douramento, o IPHAN num gesto de justiça concluiu os trabalhos, anteriormente iniciando, e entrega a sociedade um importante monumento cultural.
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Texto:
AGUIAR, Múcio.
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